Um pouco de História
Já mais de 100 anos passaram desde que a Criminologia começou a emergir. No século XIX, a Escola Positivista, pelas mãos de Lombroso (que escreveu "O Homem delinquente" em 1876), dá os primeiros passos na criação de uma disciplina científica.
Efectivamente, com uma hipótese errada - o homem delinquente é diferente, em natureza, do homem normal - este autor procurava sinais na constituição do crânio que diferenciassem um criminoso de um não criminoso. Defendia a existência do criminoso nato (e portanto, aliava-se ao determinismo), que era um ser atávico, i.e., que pertencia a uma espécie anterior. Apesar de se apoiar numa hipótese que ao longo dos tempos foi sendo refutada, Lombroso suportou-se no método experimental, o que contribuiu para a legitimação da Criminologia (na altura, Antropologia Criminal) como uma área de saber científica. Os seus discípulos (Garófalo e Ferri) continuaram na procura da etiologia do crime, embora atribuíssem causas diferentes ao ímpeto criminal de um indivíduo: moralidade e multifactorialismo, respectivamente.
Com o decorrer do século XX, vários foram os autores que potenciaram a cientificidade da Criminologia e o conhecimento complexo da mesma.
Várias teorias foram desenvolvidas no sentido de entender a personalidade criminal do individuo (estando este conceito relativizado hoje em dia); conhecer o processo de passagem ao acto criminoso (e.g. De Greeff). Por outro lado, através dos movimentos feministas, o foco começou a dirigir-se não só para o criminoso mas também para a vítima, sendo que, inicialmente, esta era concebida como alguém que precipitava o crime.
Nos anos 60 emergiu o estudo da reacção social ao crime, onde teorias como o Labelling (Becker, H.) foram imperando e influenciando outras. Mais recentemente, a (In)Segurança tem entrado no universo criminológico, tendo, actualmente, uma digna importância na ciência em questão. Com efeito, este sub-elemento permite entender e problematizar não só os dados objectivos da insegurança mas também os sentimentos das pessoas. Afinal, o que é o medo? O que é a preocupação? Através das teorias desenvolvidas por diversos autores (e.g. Ferraro) torna-se fulcral a ideia de que podemos ter medo de sair depois de escurecer mas não estarmos preocupados com o fenómeno do crime, algo que é necessário diferenciar na altura de medir a insegurança (e a criminalidade).
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